COP23 o que avançou (ou nao) na reunião de clima da ONU

Após duas semanas de intensas negociações em Bonn, na Alemanha, chegou ao fim na última semana a Conferência da ONU sobre Mudança Climática (COP23). No topo das agendas dos representantes de mais de 195 países estava a construção de um “livro de regras” para implementar o Acordo de Paris e atingir a meta mundial de limitar o aquecimento do Planeta a no máximo 2 graus Celsius (ºC) — e preferencialmente a 1,5 ºC — até o final do século, acima do níveis pré-industriais.

Um roteiro claro e abrangente é crucial para ajudar os governos a planejar suas economias e dar confiança aos investidores e empresas de que o mundo do baixo carbono veio para ficar. Apesar de ter avançado na construção dessa cartilha, que será finalizada na próxima reunião do clima da ONU, ano que vem na Polônia, a COP 23 pecou pela falta de ambição, num momento em que a janela de oportunidade para mudar a trajetória do mundo está se estreitando.

Relatório divulgado na primeira semana do encontro em Bonn mostrou que há uma grande lacuna entre as emissões das Contribuições Nacionalmente Determinadas, ou NDCs (Nationally Determined Contributions) — documentos que registram os principais compromissos dos países para atingir os objetivos do acordo climático — e as reduções que os cientistas julgam necessárias a fim de evitar níveis perigosos de aquecimento e efeitos ainda mais destrutivos das mudanças climáticas.

Para Márcio Astrini, coordenador de políticas públicas do Greenpeace Brasil, as negociações ainda estão muito aquém do necessário para enfrentar o desafio climático, e o Brasil não está ajudando muito. “O país sai da conferência com a estampa do ´faça o que eu digo, mas não faça o que eu faço´. Somos importantes nas negociações, mas nossas políticas internas, que ameaçam as florestas e seus povos e dão grandes subsídios para energias poluentes, são um exemplo real de tudo o que o mundo não precisa neste momento”, ressaltou em nota.

Aliás, o Brasil ganhou o inglório prêmio “Fóssil do Dia” na conferência por causa da Medida Provisória enviada pelo presidente Michel Temer Congresso – a MP 795/2017 – que reduz os tributos das empresas envolvidas nas atividades de exploração, desenvolvimento e produção de petróleo e gás natural.

Um dos pontos positivos da COP 23 foi o lançamento de um diálogo facilitador entre as Partes em 2018 — o Diálogo de Talanoa — para fazer um balanço dos esforços coletivos em relação ao progresso das propostas e ações para atingir o objetivo de limitar o aquecimento do Planeta a 1,5 graus Celsius (ºC) até o final do século. Talanoa é uma palavra tradicional usada no arquipélago de Fiji, ameaçado pela alta do nível do mar, e em outras nações insulares no Pacífico, para refletir um processo de diálogo inclusivo, participativo e transparente.

No primeiro encontro, marcado para maio do próximo ano, o diálogo se dará em torno de três temas: onde estamos; onde queremos chegar; e como chegar lá. A expectativa é que as respostas possam aprimorar as contribuições nacionalmente determinadas (NDCs).

Universidades, prefeitos, líderes empresariais e governadores de todo os EUA lançaram a campanha #WeAreStillIn, representando mais de 127 milhões de americanos e 6,2 trilhões de dólares em poderio econômico. Em uma robusta demonstração de apoio às negociações climáticas da ONU, a coalização traz uma mensagem clara — “continuamos no jogo” — mostrando que a ação do país nas questões climáticas não será limitada pelas políticas na esfera federal. Os EUA são o único país de fora do Pacto climático global.

Fonte: Exame

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